Conferência Educação Física Partilhada 2022
Categoria:
Evento Educativo
Data do Inicio:
01 Julho de 2022
Data do Término:
03 Julho de 2022
Local:
Complexo escolar 972, na cidade do Lubango, Província da Huila, Angola
Participantes:
40 participantes
Conferencistas:
13 conferencistas
Prelectores do 2º dia
Jucas Fernandes
José Gamboa
Abordou sobre os diferentes níveis de planeamento na área da educação em geral, de forma específica, tratar da planificação anual, trimestral, mensal, semanal até ao plano diário da aula de Educação Física.
António Chicola
Vamos partilhar estratégias e ferramentas para ajudar professores de educação física e treinadores de desportos escolares a engajarem seus alunos na criação de critérios de sucesso, auto-avaliação e avaliação por pares, estabelecendo metas de aprendizagem, reflectindo, e promover um ambiente onde o aluno tenha a autonomia do processo de aprendizagem ao longo da unidade de educação educação física e desporto escolar.
Victorino Chimo
Sendo a didáctica considerada como arte de ensinar, e metodologia o conjunto de métodos, este tema tem como objectivo abordar a forma como formulamos os objectivos gerais e específicos da aula, seu enquadramento e os conteúdos de ensino, com o foco na planificação, estrutura do plano de aula, avaliação e várias abordagens metodológicas do ensino da educação física.
Visão geral
O segundo dia da Conferência de Educação Física Partilhada desenrolou-se com quatro tópicos diferentes, ao longo dos quais os participantes tiveram a oportunidade de debater, explorar, criar e analisar uma série de perspectivas diferentes sobre cada tópico apresentado.
1º Painel - Das 8:00 ás 9:30
Tema: Precursores da educação física na província da Huíla
Preleitor: Jucas Fernandes
Moderador: António Chicola
Um dos pioneiros da Educação Física e do desporto escolar na província da Huíla partilhou a sua experiência como educador na área, destacando desafios e analisando o estado da disciplina em comparação com o tempo quando jovem professor. Professor Jucas Fernandes partilhou a sua perspectiva sobre o papel do professor de Educação Física e a relação com os alunos, descrevendo em profundidade os aspectos que fazem da disciplina uma das melhores da escola, bem como ilustrando a forma como os professores devem agir como modelos de inspiração para os alunos.
Desde 2012 que a Huíla começou a trilhar bons caminhos com a abertura de cursos de educação física para professores de diversas idades, em 2014 abriu o curso de formação superior no ISCED, para responder a demanda que existia na classe de professores, os treinadores não são professores de educação física.
O INE (Instituto normal de educação), o agora centro de formação de professores, também abre o curso de professores de educação física;
A Huíla neste momento tem 14 municípios e nove (9) comunas que ainda não são oficiosos, ainda somos muito pouco para a demanda, falta recrutamentos, um dos problemas é que os poucos recrutados, às vezes são desviados para outras áreas da educação abandonando a disciplina de educação física;
Naquela altura, os professores quando regressam do Namibe, não eram suficientes para responder a demanda, deste modo, chamaram os representantes de todos os municípios para participarem em seminários de capacitação. Alguns já davam aulas mesmo sem ter formação específica.
Como disse atrás, a província é muito extensa e somos poucos para cobrir isso, e também, estamos a ensaiar a Associação de professores de educação física, mas precisa de mais acção para se firmar mais. Tenho estado a lutar para criar inspector de educação física tal como noutras disciplinas escolares. Os inspectores de educação física desempenhariam um papel fundamental na promoção de criação de instalações desportivas em escolas em reabilitação ou construção, visto que estes participariam nas reuniões com as equipas responsáveis destas tarefas.
Os professores de educação física devem dominar fundamentos técnicos das modalidades de modo a certificar de que todos os alunos conseguem aprender e aplicar nos eventos dos desportos inter-escolares;
Algumas situações de nepotismo na nomeação de coordenadores de educação física, na qual estes não demonstravam competências necessárias para o desempenho da função.
Em 2008, tivemos 3 lugar nas estafetas, 2010 conquistamos medalhas de ouro no atletismo, 2011 tivemos o primeiro lugar em futebol e basquetebol, atletismo, etc… Subsídios de bolso (como assim denomino) estimulava professores de educação física na participação e conquistas de títulos nos desportos escolares.
Intervenções e contribuições:
Relação professores e alunos na educação física - esclarecimentos:
- As crianças devem ser dadas aulas com amor, carinho, porque estas não gostam de ficar muito tempo numa só actividade, estas se interessam mais em actividades diversas. A educação física e um dos cursos com mais empatia e multi-dimencionalidade através do poder da empatia e expressão corporal que esta disciplina propõe;
- Abraçar os alunos nos inícios das aulas permite perceber o estado emocional deles, mas terem em atenção a necessidade de evitar a invasão ou contacto desconfortáveis, principalmente com o género feminino; as correcções ou repúdios devem ser feitas de modo a evitar a exclusão e sentimento de repúdio por parte de alunos; Deve haver criação de condição de seguranças nas aulas;
- O compromisso moral para a dedicação será maior quando no início do ano os professores e alunos criam regras de comportamentos nas aulas, e dar-lhes a responsabilidade de supervisionar-se.
2º Painel - Das 10:00 às 11:00
Tema: Planificação em educação física
Preleitor: José Gamboa
Moderador: Lourenço Sachimbinda
O preleitor explicou profundamente aos apresentadores como funciona o processo de planeamento, o objectivo, as metas de aprendizagem, o plano de aula e os critérios de avaliação dos planos de aula. Destacou que as seções de planeamento devem ter uma sequência progressiva e lógica.
O professor reflectiu sobre o futuro da educação física futura, perguntou o que estamos fazendo para valorizar o profissional de educação física, e recomenda que os professores se valorizem primeiro e depois busquem os outros para valorizá-los.
Foram mencionados desafios como condições de trabalho geralmente precárias:
- Falta de clareza nas intenções de aprendizagem e nenhum engajamento para melhorias;
- Ensino excessivo baseado nas antigas abordagens;
- Falta de modelo adequado para a educação física – qual é o nosso modelo ou filosofia de educação física;
- Mentalidade pobre e conflito de valores
- Falta de recursos humanos
Durante as perguntas e respostas, o Professor José Gamboa destacou:
- Nomenclatura e interligação de objectivos gerais e específicos de planeamento na educação física;
- Quanto à contextualização dos objectivos gerais e específicos, destacou que o professor trata os mesmos identificando a forma e as ferramentas a utilizar para filtrar e criar estratégias para alcançar os objectivos;
- Ao planear um determinado desporto ou unidade de educação física, o contexto da escola, os meios, as características dos alunos e os recursos materiais devem ser tidos em conta;
Intervenções e contribuições:
- Ao planear, devemos fazer o que pudermos, porque olhando para as diferentes realidades, é comum ter dificuldades tais como o número excessivo de alunos por turma, falta de condições nos espaços de prática das aulas de educação física – tudo isto está sujeito ao tipo de aluno, espaço e contexto.
- O planeamento é muito importante porque evita a improvisação do conteúdo, com o plano teremos os resultados previamente preparados;
- Existem situações reais que acontecem porque os alunos não participam nas aulas de educação física, mas passam no final do ano porque o director decide por ele, isto por vezes acontece porque alguns professores não conhecem as leis, é necessário recorrer a nós professores de educação física devem mudar, conhecendo os alunos e agindo contra as decisões dos directores para aprovar os alunos que não vão à aula;
- O primeiro elemento de motivação na aula de educação física é o professor, por isso, sempre que ele vai à aula deve transmitir coisas novas e motivadoras para que os alunos se sintam estimulados; a educação física só mudará se os professores mudarem.
3º Painel - Das 11:00 ás 12:30
Tema: Tornando a avaliação do estudante mais visível
Preleitor: António Chicola
Moderador: José Gamboa
António partilhou estratégias que ajudam os estudantes a avaliarem-se a si próprios e aos seus pares, reflectindo sobre o processo através da identificação daquilo que conseguiram e não conseguiram. Os participantes estavam empenhados em preencher o formulário de avaliação, a fim de pôr em prática a sua compreensão do tema.
Dentro da sala
- Começou por distribuir uma cópia da avaliação a todos os participantes, explicou que é para uso posterior, e introduziu a ilustração da sua experiência para a criação desta ferramenta e como criou a estratégia, argumentou apresentando directrizes e citações que sustentam a abordagem de avaliação que apresentou.
- Os critérios de sucesso devem:
- ser em número limitado;
- escrito na língua que os alunos podem facilmente entender;
- focado no aprendizado;
- apoiar ou orientar os estudantes;
- criado com o pensamento ou contribuições dos alunos.
- Os participantes escolheram as competências a serem avaliadas, o drible e o salto em comprimento, e também co-criaram critérios de sucesso para cada competência escolhida.
Depois, os participantes mudaram-se para o campo, onde se auto-avaliaram sobre as competências de salto à distância. Antes de iniciar os exercícios, o apresentador clarificou o significado de auto-avaliação e avaliação pelos pares:
Auto-avaliação
- Auto-avaliação – o acto ou processo de análise e avaliação de si próprio ou das próprias acções. O objectivo de uma auto-avaliação é ajudar um indivíduo a conhecer a extensão das suas capacidades e a melhorá-las.;
- Os participantes praticaram o salto à distância com os dois pés três vezes, depois o orador pediu-lhes para verificarem os seus critérios de sucesso e escrevendo x ao nível que consideravam corresponder o seu desempenho face aos critérios;
Avaliação em pares
- A avaliação pelos pares proporciona um processo de aprendizagem estruturado para os estudantes criticarem e darem feedback uns aos outros sobre o seu trabalho. Ajuda os estudantes a desenvolver competências para toda a vida na avaliação e no fornecimento de feedback aos outros, e também os habilita a auto-avaliarem e melhorarem o seu próprio desempenho escolar;
- Os participantes foram explicados sobre o objectivo desta avaliação pelos pares, António Chicola salientou a necessidade de os alunos compreenderem que esta avaliação não tem a ver com a obtenção de pontuações ou com a comparação dos desempenhos uns com os outros, ficou claro que os alunos devem gerir isto sozinhos e que o professor deve fornecer apoio para que se tornem independentes e autónomos ao longo de todo o processo. Além disso, explicou que o professor deveria estar sempre disponível e vigilante para apoiar os alunos em dúvida, e também utilizar os critérios de sucesso para orientar os alunos em necessidade;
- Os participantes revezaram-se para avaliar os seus pares e serem avaliados pelos colegas. Enquanto um estava a realizar o salto em distância, o outro observava concentrando-se na forma como o executante estava a realizar a habilidade do salto em comprimento, em seguida usou os indicadores de critérios de sucesso (flexão dos joelhos, balançar os braços detrás para frente, inclinar o tronco ligeiramente a frente, amortecer a queda, olhar a frente) para avaliar o desempenho do seu parceiro.
Definir metas de aprendizagem
Um dos principais objectivos dessa abordagem de avaliação é fornecer aos alunos uma base para projectar seus próprios objectivos de aprendizagem. Uma vez que os alunos concluíram a avaliação, haverá dados suficientes para analisar e serem usados como meta para seu próprio aprendizado. Como ele incentivou, os participantes devem preencher o verso do papel onde pode ser vista a estrutura para estabelecimento de metas para o aprendizado. Dessa forma, os alunos devem escrever o que eles gostariam de aprender, e escrever os critérios de sucesso que precisam melhorar e, em seguida, registrar as acções que tomariam para atingir o objectivo definido.
Intervenções e contribuições:
- Deixando o estudante à vontade e explorando nestas estratégias, nós gostamos muito;
- Vimos que é um modelo muito bom porque nesta estratégia os estudantes estão mais activos e descontraídos e quando isto acontece promove sempre o melhor desempenho;
- Foi uma boa experiência, pois apenas avaliei o salto, mas aqui é claro que são observados detalhes importantes que contribuem para a forma de desempenhar melhor a habilidade;
- Os critérios de sucesso foram feitos, sublinhando que o professor nesta estratégia aparece como mediador, temos de estabelecer critérios para avaliar os alunos, em vez de apenas olhar. É importante aplicar os critérios de sucesso em cada avaliação, de modo a torná-la mais realista.
4º Painel - Das 13:30 ás 15:00
Tema: Didáctica e metodologia de ensino da educação física
Preleitor: Victorino Chimo
Moderador: Henrique Maliti
Houve momentos de intervenções inadequadas que foi necessário abordar a tempo para que a sessão pudesse continuar. Alguns professores têm de compreender que quando outros vêm partilhar, isso não significa que os oradores obriguem os participantes a aplicarem todos os recursos ou conteúdos que transmitem no seu contexto. Compreendemos que os professores têm diferentes desafios e realidades que podem não se adaptar a alguns recursos, contudo, acreditamos que há muitas formas diferentes de explorar conteúdos e recursos partilhados.
Os estudantes são um conjunto de brasas, que para manter o fogo temos de acrescentar lenhas de modo que a fogueira se mantenha acesa. – Professor Victorino começou por reflectir.
Quanto aos critérios de selecção de conteúdo, o apresentador apontou que os professores devem ter os princípios didácticos no papel, explorar os domínios psicomotor, cognitivo e físico. Uma vez que ao planear, devemos ter em considerar as seguintes questões:
- O que ensinar? – Conteúdos
- Como ensinar? – Métodos:
- Quando ensinar? – Periodicidade ou timing do que é ensinado;
- A quem ensinar? – Estudantes
- Porquê ensinar? – Esta é uma pergunta reflexiva, uma vez que…
Conteúdos: os conteúdos devem ser válidos, por exemplo, se o objectivo for ensinar o lançamento na passada, os conteúdos devem ser alinhados com o lançamento na passada de uma forma repetitiva; os conteúdos devem ser úteis tendo em conta que os estudantes não são lâminas em branco.
A adequação ao nível de desenvolvimento do estudante corresponde ao grau de maturação do desenvolvimento psicomotor dos estudantes; os planos de aulas não são como os decretos que para alterar precisam de permissão dos patrões;
Em relação ao plano e estrutura de aula, professor Victorino argumenta que ao criar um plano de aula, existem elementos que devem ser tidos em conta:
- Parte inicial – momento introdutório da aula
- Parte chave – período principal durante o qual os alunos se comprometem com os objectivos da aula
- Parte final – concluir a aula de uma forma que proporcione aos estudantes a oportunidade de resumir o que foi explorado ao longo das partes fundamentais e iniciais.
Intervenções e contribuições:
Como sugestão, é proposta uma aula de manutenção para que o termo seja apropriado ao contexto da formação e da prática desportiva. A manutenção aplica-se mais ao contexto da aptidão física, considerando que o tema é abordado na educação física e que o desporto escolar se situa na consolidação;
Na educação física, a terminologia consolidação pode ser substituída pela melhoria, de modo que cada fase que o aluno domina, passamos para a outra fase;
Esta perspectiva levantou pontos de vista contraditórios em torno de todos os presentes, pois há professores cuja perspectiva sobre ensino da educação física e desporto escolar acomoda mais o termo consolidação do que melhoria. Sendo assim, a moderação apontou a necessidade de evitar a exclusão de um ou outro termo de maneira que se considere que a intenção e consequência da actividade prática na aula em detrimento do vocabulário ou terminologias. Também se considerou a necessidade de se ensinar a fim de manter a saúde mental e física de todos os alunos.
